COMO A PSICANÁLISE PODE AJUDAR AS PESSOAS?

CONTEÚDO ABREVIADO DA PALESTRA PROFERIDA NA IMBEL – INDÚSTRIA DE MATERIAL BÉLICO DO BRASIL – UNIDADE FABRIL DE ITAJUBÁ, MG, EM 10-11-2015


Antes de falar de Psicanálise propriamente dita, eu gostaria de estimular a sua reflexão sobre o que nós somos; nós, seres humanos.

Cada um de nós é um indivíduo entre 7 bilhões e 300 milhões de pessoas que compõem a população humana na Terra em 2015. A cada dia, esse número aumenta em +/- 80 mil pessoas (quase uma Itajubá por dia).

A espécie humana é uma entre 8,7 milhões de espécies de seres vivos catalogadas pela Ciência. A Terra é um entre 8 planetas conhecidos, orbitando em torno do “nosso” sol, que é meramente uma estrela entre outras 100 bilhões identificadas em “nossa” galáxia, a Via Láctea, que é apenas uma entre 225 bilhões de galáxias “visíveis” aos telescópios, satélites e sondas espaciais dos humanos. É esse o nosso mundo cósmico, verdadeiro “multi-verso”, cuja dimensão conhecida é de 13,8 bilhões de anos luz, mas que continua sua expansão rumo ao infinito.

[Um ano luz (a distância percorrida pela luz, no vácuo, à velocidade de 300 mil km por segundo) = 9 trilhões e 461 bilhões de km.]

 

Quem somos nós diante dessas inimagináveis magnitudes cósmicas?

Nós seres humanos, somos meras nanopartículas cósmicas e, no entanto, a nossa dimensão psíquica é infinitamente grande.

Mas como assim? É porque a nossa criatividade humana é ilimitada. Pensem simplesmente nessas dimensões cósmicas, ou no estado atual do conhecimento científico. Pensem, por exemplo, no fato de que o arsenal atômico da humanidade poderia destruir o nosso planeta. É um exemplo da inventividade humana, do potencial ilimitado da psique humana. Outro exemplo é o conhecimento que temos sobre esse “multi-verso” de que falei há pouco.

 

Somos a criação de algo que chamamos de Deus. Todas as religiões têm em comum esse conceito: Deus. Deus é o mistério da criação, da vida, de tudo que existe e acontece no mundo.

Todas as religiões têm em comum um outro conceito: de que temos uma identidade abstrata, imaterial, que chamamos de espírito.

 

A espécie humana, em seu atual formato biológico, existe há +/- 40 mil anos. A humanidade sempre buscou a resposta para a seguinte pergunta: o que nos acontece, o que acontece ao nosso espírito, após a morte? Cientificamente, nós não sabemos. Não sabemos de onde viemos e nem para onde vamos.

Na minha opinião, a humanidade se divide em duas categorias: as pessoas que não sabem o que nos acontece após a morte, e as pessoas que pensam que sabem, mas não têm certeza.

Essa incerteza fez a humanidade criar as religiões. As religiões são organizações humanas, que nos oferecem consolação diante da angústia de não saber o que nos acontecerá após a morte.

E como se dá essa consolação? As religiões conceituam a existência de um lugar chamado céu e um lugar chamado inferno. O céu estaria reservado aos espíritos de pessoas que em vida se comportaram corretamente, enquanto o inferno seria o lugar reservado aos espíritos de pessoas que não se comportaram corretamente.

 

Pois bem. Somos o que somos. Os seres supostamente mais evoluídos espiritualmente entre todas as espécies de vida conhecidas no planeta terra. Mas, como todas as espécies de vida, estamos constantemente evoluindo, segundo nos ensinou Darwin, com sua teoria evolucionista.

No contexto dessa evolução, no fim do século 19, apareceu um sujeito chamado Sigmund Freud, que entrou para a história da humanidade como o inventor da chamada Psicanálise.

 

Existe um grande preconceito em relação a assuntos psíquicos. Há pessoas que pensam que psique tem a ver com doido, maluco, louco. Mas isso não corresponde à realidade.

 

Existem 3 tipos de profissionais que lidam com a psique humana:

O primeiro é o PSIQUIATRA, que é um médico, e que trata patologias psíquicas, que em outros tempos chamávamos de doenças mentais. A propósito, as doenças mentais não têm cura, o que significa que só se pode atenuar os sintomas com a ministração de medicamentos;

 

O outro profissional da psique humana é o PSICÓLOGO. Existem dois tipos de psicólogos: a) aqueles que atuam em atividades de avaliação humana – testes de inteligência, testes vocacionais ou de desempenho – e no treinamento e desenvolvimento de pessoas, e que mais comumente aparecem ocupando cargos em empresas ou em consultorias de RH; e b) aqueles que atendem a clientes em consultório e são chamados de psicólogos clínicos. Nessa modalidade, utiliza-se a terapia da fala, em que o cliente é solicitado a trazer para a sessão o seu conteúdo psíquico, e o profissional, então, procura ajudar a pessoa conversando a respeito dos problemas.

O terceiro tipo de profissional que lida com a psique humana é o PSICANALISTA, que essencialmente faz a mesma coisa que o psicólogo clínico, mas se orienta pela teoria psicanalítica formulada por Sigmund Freud, no início do século passado, há mais ou menos 100 anos.

Provavelmente todos aqui já ouviram a frase: “Freud explica”, não é? Mas, o que exatamente Freud explica?

Freud desenvolveu o conceito de modelo topográfico da psique humana e exemplificou esse modelo fazendo uma analogia com um iceberg. Acima da superfície da água, está a ponta do iceberg - o consciente - que são os pensamentos conscientes que temos em determinado momento.

A parte da psique que armazena informações que podemos resgatar da nossa memória, Freud chamou de pré-consciente. O terceiro elemento do modelo topográfico é o nosso inconsciente – que é a parte da psique que está escondida, que não é visível, a parte submersa do iceberg. O inconsciente é o registro na memória inconsciente de tudo o que nos acontece, e isso, inclusive, desde antes de nascermos.

 

[Explicação do conceito de Psicoembriologia e a percepção da realidade pelo embrião humano.]

 

Porém, é lá no inconsciente que estão guardados os processos que são, na maioria das situações, a verdadeira causa de nosso comportamento. Freud descobriu que é no inconsciente que estão os nossos desejos mais primitivos, muitos deles inconfessáveis, que procuramos manter escondidos, reprimidos, porque revelá-los pode nos causar dor psíquica.

 

À medida em que Freud começou a atender seus clientes e aprender com as observações que fazia, ele elaborou um outro modelo, que ele chamou de modelo estrutural ou aparelho psíquico.

O aparelho psíquico compreende três elementos:

Id = instintos = o princípio do prazer = pulsão de vida (“Eros” = Libido) e pulsão da morte (“Thanatos” = autodestruição; destruição de outras pessoas =agressividade).

Ego = realidade = dar vazão aos instintos do Id de forma segura e socialmente aceitável.

Superego = moralidade = respeito pelas normas sociais.

Essas três instâncias vivem em permanente conflito e podem resultar em uma neurose, que é uma angústia emocional ou conflito inconsciente, expresso através de várias perturbações que podem ser físicas, fisiológicas e/ou mentais. O sintoma definitivo é a ansiedade. Tendências neuróticas são comuns e podem se manifestar como depressão, ansiedade aguda ou crônica, tendências obsessivas-compulsivas, medos, também chamados de fobias, e até desordens de personalidade. Neurose não deve ser confundida com psicose, a qual se refere à perda de contato com a realidade.

 

O objetivo da psicanálise é trazer esses desejos inconscientes para o nível da consciência. A psicanálise procura entender por que uma pessoa possui determinado tipo de comportamento que é desagradável a ela e que ela quer mudar, buscando as causas no inconsciente e na história de vida da pessoa.

Exemplos de como se descobre informações no inconsciente:

a) A mulher com síndrome de pânico por ter de atravessar um túnel;

b) Uma criança com medo de tomar banho.

A terapia psicanalítica visa a aumentar o nível de conscientização das pessoas a respeito de si mesmas. Com essa conscientização ocorre a “cura” de neuroses e a pessoa consegue mudar o seu comportamento e viver mais feliz.