A Nação em Depressão Psíquica

Avalio que a nação brasileira está em estado de depressão psíquica. Isso significa que coletivamente a sociedade vive um momento de desesperança extrema.

Somos confrontados diariamente com o “escândalo do dia”, que agrega ao noticiário informações sobre algum suspeito que teria se beneficiado de alguns milhares, milhões ou até bilhões de reais surripiados do patrimônio da nação. O teatro do processo judicial se instala, a começar pela ação das autoridades policiais e judiciais, apimentado pelas delações premiadas e seguido pela negação dos fatos pelos acusados e seus defensores. O fim do espetáculo é ansiosamente esperado, com parcela considerável da população clamando por justiça e assistindo impotente à já ocorrida e agora escancarada deterioração da integridade moral do país.

Mas a vida continua e vemos que as defesas do cidadão contra “tudo isso que está aí” são efêmeras. Há quem acredite que a relação custo-benefício é favorável aos poderosos que cometem crimes contra a sociedade, que parece ser vítima da institucionalização de práticas criminosas em todos os níveis e instâncias de governo.

Em paralelo, a sociedade vive as consequências de equívocos colossais na gestão da economia, que há meses apresenta estatísticas econômicas negativas e declinantes. Centenas de milhares de pessoas perderam e continuam a perder o emprego. O comércio vende consideravelmente menos, resultando em que a indústria reduz ou paralisa a produção e o setor de serviços acusa queda acentuada de faturamento. Os problemas sociais resultantes se agravam e a criminalidade aumenta. A sociedade entra em depressão psíquica, porquanto não sabe como a história terminará e o cidadão, individualmente, não sabe se será uma vítima da situação.

Esse quadro configura um desafio para todos nós. Como fazer para não sucumbir à melancolia, para não sofrer as consequências que se manifestam em sintomas como insônia, fadiga, cefaleia, dores de toda ordem, problemas digestivos ou sexuais, ou na fuga para a dependência química, quando não em comportamento violento ou antissocial?

Vejo um caminho viável na habilidade de nos autoanalisarmos ou de sermos analisados, tornando conscientes os nossos pensamentos que são predominantemente inconscientes. Logrando fazer isso, conseguimos nos imunizar contra o bombardeio de negativismo a que somos submetidos. Conseguimos nos enxergar em termos relativos, isto é, podemos nos ver objetivamente e assim mais facilmente formular ações comportamentais para não sermos vítimas individuais da depressão coletiva da nação.

Publicado no Boletim Mensal da Academia Juvenil de Letras de Itajubá, MG, edição de agosto de 2015