QUEM SOU EU?

Sou um indivíduo entre 7 bilhões e 300 milhões de pessoas que compõem a população humana na Terra em 2015. A espécie humana é uma entre 8,7 milhões de espécies de seres vivos catalogadas pela Ciência. A Terra é um entre 8 planetas conhecidos, orbitando em torno do “nosso” sol, que é meramente uma estrela entre outras 100 bilhões identificadas em “nossa” galáxia, a Via Láctea, que é apenas uma entre 225 bilhões de galáxias “visíveis” aos telescópios, satélites e sondas espaciais dos humanos. É esse o nosso mundo cósmico, verdadeiro “multiverso”, cuja dimensão conhecida é de 13,8 bilhões de anos luz, mas que continua sua expansão rumo ao infinito. Quem sou eu diante dessas inimagináveis magnitudes cósmicas?   

Como todos os indivíduos da espécie humana, sou um narcisista. Gosto primeiramente de mim mesmo. Eu me adoro e quero que todos saibam que eu sou “o cara”: sou bom, sou inteligente, sou bonito, sou capaz. Eu tudo posso, desde que eu acredite em mim e minha autoestima esteja em alta. Depois de mim, em posições subsequentes na classificação da escala da paixão, aparecem minha consorte, meus filhos, meus netos, meus pais, meus irmãos, demais parentes, meus amigos, meus colegas, e todas as pessoas cuja trajetória de vida cruze com a minha. A ordem de preferência emocional das pessoas com quem convivo variou nas diversas etapas de minha vida. A preferência terá sido de meus pais quando eu era criança. Hoje, já é outra, e amanhã poderá mudar novamente.

Vivo em busca da felicidade, o objetivo primordial da humanidade. No plano material, desejo possuir bens que me proporcionem conforto e me deem segurança para enfrentar imprevistos como adoecer, ou precisar arcar com ônus circunstanciais que resultam da vida em sociedade. Não preciso cometer nenhum crime ou me corromper para acumular fortuna à custa da sociedade. Orgulho-me de ter uma “ficha limpa”. No plano espiritual, busco a harmonia, a paz de espírito. Tenho valores morais e éticos que procuro aplicar. Tento não ofender ou prejudicar quem quer que seja. Não tenho a resposta à pergunta milenar dos seres humanos: o que nos acontece quando morremos? Existem pessoas que não sabem o que nos acontece após a morte. Incluo-me em outra categoria: a das pessoas que pensam que sabem, mas não têm certeza. Isso molda minhas crenças, que ditam meu comportamento em relação ao que chamamos de Deus e à teoria religiosa que me parece a mais plausível e coerente com minha visão do mundo.

A experiência de vida me tornou mais pragmático, mais tolerante, menos beligerante e menos intransigente. Exerço uma profissão que visa a ajudar as pessoas na busca de sua felicidade, na resolução de sua angústia e ansiedade de viver, na compreensão de seu eu interior, e no processo da mudança comportamental que ocorre ao longo de nossa jornada na Terra.

Em conclusão: sou uma nano partícula cósmica, mas tenho uma dimensão espiritual individual imensurável. O que preciso é viver a vida na plenitude possível para alcançar a felicidade que almejo.

Artigo publicado no Boletim da Academia Juvenil de Letras de Itajubá, edição de outubro de 2015.