A leitura é imprescindível

“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história”.

Bill Gates – Fundador da Microsoft

Segundo dados oficiais de 2014, 8,3% da população brasileira com idade superior a 15 anos são pessoas analfabetas. A categoria das pessoas ditas analfabetas funcionais (as que têm até quatro anos de estudo e limitada capacidade de compreensão e expressão de conteúdos escritos e verbais) somava 17,8% dos brasileiros. Na somatória, temos a triste realidade de que aproximadamente um quinto dos brasileiros é composto de iletrados que, pela falta de familiaridade com livros, revistas e periódicos, não reúnem condições de usufruir do desenvolvimento humano proporcionado pela leitura.

Uma pesquisa realizada no início de 2015 pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro mostrou que 70% dos brasileiros não leram um livro sequer em 2014. Aliás, o número de leitores vem diminuindo. Em 2014, a queda foi de 5% em comparação com 2013. Observa-se, ainda, o significado sociopolítico dessa realidade: a defasagem entre leitores e não leitores reproduz a divisão social entre a classe dominante e a massa de excluídos cognitivos, permitindo, inclusive, que a primeira manipule a segunda. Isso resulta na baixa qualidade da representação política no país, o que abre as portas para desmandos de toda ordem, inclusive para a gigantesca corrupção endêmica e o assalto sistêmico ao erário público. 

Mas, por que no Brasil se lê tão pouco?

A política de alfabetização do governo ocorre apenas há mais ou menos 70 anos. O país tem na transmissão oral do saber e da cultura populares, de geração em geração, sua tradição mais forte. Outro impedimento ao hábito da leitura está na realidade socioeconômica do país: largos contingentes da população não têm acesso a livros, sejam comprados ou disponíveis no insignificante número de bibliotecas públicas existentes, muitas das quais mal dotadas de obras literárias. Grande número das escolas, tanto públicas quanto privadas, sequer dispõe de biblioteca. Seria o caso de implantar o projeto da Pátria Educadora para que fosse uma realidade e não mera frase de efeito promocional e de finalidade eleitoreira. Outro fator impeditivo do hábito da leitura no Brasil, principalmente entre os jovens, é a própria era digital em que vivemos. A leitura se concentra em textos transmitidos através da mídia digital, por meio de telefones celulares, tablets e computadores. São textos que predominantemente se caracterizam pela simplicidade e pela síntese de ideias expressas em palavras abreviadas. São mensagens meramente informativas, que não estimulam a reflexão e a imaginação. A prática da leitura concorre ainda com a televisão, uma mídia ao alcance de todo o povo brasileiro. O hábito de assistir à TV leva vantagem sobre outros hábitos porque permite aos espectadores entregarem-se ao ócio passivo total. Ler um livro exige concentração e concentrar-se pode causar fadiga.

O gosto pela leitura é função da idade, do meio social e do interesse individual das pessoas quanto ao gênero do texto lido. O hábito da leitura não ocorre por autogeração. Uma criança precisa ser ensinada a ler. Inicialmente, os pais devem ler histórias para os filhos quando se deitam para uma noite de sono. As histórias de ninar são o estímulo inicial à fantasia das crianças. Logo que possível, devemos passar à fase seguinte, mostrando às crianças livros com vários desenhos ou gravuras e com letras grandes, para que possam associar essas imagens ao significado das letras combinadas para formar as palavras. Na medida em que ocorre o desenvolvimento mental das crianças, a configuração dos livros deve mudar em termos do espaçamento entre as linhas de texto, do tamanho das figuras e das letras das palavras.

Esse processo de ensino deveria ter continuidade quando da alfabetização das crianças na escola.  Elas reproduzem o som que ouvem para escrever, isto é, escrevem inicialmente como ouvem. Quanto maior o seu contato com materiais escritos, maior será sua bagagem de conhecimento. Cabe ao professor na escola treinar o hábito de ler, e depois, de escrever.

Afirmo que a prática da leitura é imprescindível. Mas por quê? Há várias razões. A leitura ensina as pessoas como é o mundo em que vivem. Aprendem sobre pessoas, lugares e eventos novos, alheios à sua realidade cotidiana. Ficam expostos a modos diferentes de viver e de encarar a vida. A leitura desenvolve a imaginação e o raciocínio, aumenta o acervo de vocabulário dos leitores, o que se manifesta subsequentemente na maneira de falar e na qualidade da oratória e da dicção. Há evidências concretas de que as pessoas que leem mais têm melhor desempenho escolar, acadêmico e profissional. A habilidade de ler abre aos leitores multilíngues acesso irrestrito ao acervo cultural e informativo do mundo inteiro. A leitura aumenta a capacidade de estabelecer empatia com outras pessoas porque quando se lê um romance, por exemplo, o leitor poderá se identificar psicologicamente com algum personagem da história, inconscientemente praticando sua capacidade de socializar. Finalmente, saliento que a leitura é uma gratificante forma de lazer, que proporciona paz de espírito e relaxa o corpo.

A Academia Juvenil de Letras de Itajubá congrega jovens de 15 a 25 anos de idade, criteriosamente selecionados para constituírem uma elite cultural que eventualmente comporá o quadro de acadêmicos da Academia Itajubense de Letras, uma instituição que visa a contribuir para o mundo literário e cultural de Itajubá e cidades vizinhas.