NO COMPASSO DA VIDA

Oliver nasceu ao meio dia de um sábado de junho de 2015. O mais jovem dos meus três netos, ele é, evidentemente, o mais jovem também do meu núcleo familiar mais imediato. Na outra extremidade, vive o mais velho membro de minha família. É o meu pai e o bisavô de Oliver, cujo nome em bom português é Guilherme. Ele está com 94 anos, mas sofre da senilidade que, para alguns, vem com idade tão avançada e que tanto me choca quando me lembro da época em que se encontrava no auge do vigor físico e mental e era minha principal referência moral. Contrastando essas duas vidas configura-se para mim o implacável desenrolar da vida: o vir, o estar, e o desaparecer.

As instituições humanas passam pelo mesmo processo: são criadas, se desenvolvem, e em algum momento, desaparecem. A organização humana mais longeva da atualidade é a Igreja Católica, que soube se reinventar ao longo dos 20 séculos da era cristã. A quase totalidade das organizações empresariais surgidas a partir do fim do século 19 já não mais existe. A vida média de uma empresa na moderna economia capitalista do mundo é de 70 anos. Existem exceções: a Stora Kopparberg da Suécia, a mais antiga organização comercial e industrial do mundo, foi fundada mais de 200 anos antes do descobrimento da América, seguida pelo Grupo Sumitomo do Japão, que já tem mais de 700 anos.

A Academia Juvenil de Letras de Itajubá está em festa: comemora sua existência, de fundação tão recente, existindo em paralelo à Academia Itajubense de Letras. Para estar em sintonia com o compasso da vida, não se haverá de integrar os jovens da AJULI à instituição já existente, no processo natural de renovação que ocorre pela substituição das gerações? Afinal, o Oliver de hoje haverá de ser o Guilherme de amanhã.      

 

Publicado no Boletim Mensal da Academia Juvenil de Letras de Itajubá, MG. Edição de junho de 2015.