Retrospectiva e Perspectiva

Dezembro é o mês da reflexão. Costumamos elaborar um balanço de como foi o ano que finda e traçar planos para o ano novo que se aproxima. Em tempos normais, retrospectiva e perspectiva são positivas, porque quando a nação vive um período de “normalidade” a economia cresce e a maioria da população tem motivos para estar satisfeita com as conquistas alcançadas e otimista em relação ao futuro.

A reflexão que faremos em 2015 será diferente, porque esse ano constituirá um divisor de águas na história do Brasil. A nação brasileira, em sua quase totalidade, terá se dado conta de ter sido vítima de sistemático e institucionalizado assalto bilionário ao patrimônio público e do ilusionismo político que, juntamente com políticas governamentais equivocadas, destruíram a economia, causaram o desemprego em massa, trouxeram a desesperança diante da falência moral da nação, e ainda resultaram na polarização da sociedade, contrastando o “nós” contra “eles”, sendo “eles” a maioria do povo que agora deverá arcar com os custos da incompetência governamental e do festival de ilegalidades constatadas em todas as áreas que se ousou investigar.

Pior do que encarar a retrospectiva tão nefasta é não ter uma perspectiva alentadora para o futuro próximo. Quem se apresenta como líder para conduzir a nação na busca da moralidade, do crescimento, da justiça social, enfim, do bem-estar e da esperança? O estado de espírito da nação nesse fim do ano 2015 é de depressão psíquica coletiva, inclusive porque esse líder não é atualmente identificado.

A pergunta que os brasileiros devem se fazer é como proceder para não sucumbir diante do desencantamento que se abate sobre a sociedade. Ofereço uma sugestão que talvez atenue a incerteza. É preciso fazer uma reflexão consciente e sistemática ao nível individual. É preciso perguntar-nos, por exemplo:

- Quais foram os eventos mais significativos em 2015?

- O que aprendi em termos de conhecimentos ou habilidades?

- O que realizei, total ou parcialmente? No que fracassei?

- O que agreguei em termos de experiência de vida?

- Como o ano afetou a qualidade de minha vida?

Concluída a análise do ano que se encerra, devemos planejar o ano novo, definindo objetivos e estratégias após identificar os cenários possíveis a partir da avaliação das probabilidades associadas.

Precisamos também planejar a nossa conduta pessoal e nos perguntar qual papel queremos desempenhar no palco da nossa vida. Cabe-nos escrever o “script” do personagem que queremos ser na peça teatral que é a nossa vida. Trata-se de deixar de viver “ao Deus dará” e domar as nossas emoções através da racionalidade, visando a viver “conscientemente” e mais felizes e em harmonia conosco mesmos. Deveremos também reavaliar o nosso papel individual em relação à coletividade, precisamente para que a sociedade seja proativa e não se torne vítima fácil de desmandos de seus governantes.

Expresso aos leitores meus sinceros votos de um 2016 melhor do que 2015.