Dependência Química – É possível se libertar?

Cada vez mais pessoas se tornam viciadas em alguma substância. Já não se veem reuniões sociais que não sejam regadas a bebidas alcoólicas, quando não também a maconha ou outros entorpecentes, sejam os legalizados ou os proibidos. Parece até “chique” consumi-los. 

Vivemos em uma sociedade consumista. Passamos a ter no dinheiro e nos bens e serviços que ele pode comprar a referência máxima para o nosso comportamento social. Admiramos as pessoas que conseguem ficar ricas porque entendemos que elas souberam alcançar o que chamamos genericamente de SUCESSO, e as imitamos sempre que possível. 

A busca desenfreada desse sucesso materialista também nos pré-condiciona ao fracasso. Isso acontece porque muitos de nós não conseguiremos alcançar os objetivos que fantasiamos a partir da propaganda do consumo com a qual somos incessantemente bombardeados. 

A frustração de não conseguir o sucesso imaginado é um dos principais motivos de depressão. Defendemo-nos dessa frustração escondendo-nos de nós mesmos e dos outros. Fugimos para um estado de euforia, no mundo do prazer passageiro, que as drogas nos proporcionam. Se não conseguimos o sucesso que sonhamos, fazemos de conta que o alcançamos em nossa imaginação alimentada a drogas. O nosso organismo se acostuma às dosagens consumidas e pede quantidades cada vez maiores. Instala-se o círculo vicioso. 

São poucas as pessoas viciadas que conseguem se libertar das drogas escravizantes. A pergunta que cabe é: como fazer para sair do vício? E a resposta é uma só palavra: QUERER! É preciso ter FORÇA DE VONTADE. A pessoa viciada precisa encontrar essa força dentro de si mesma para se reerguer. Ela precisa convencer-se de que a sua racionalidade pode se impor à sua emocionalidade de querer consumir. O passo seguinte é procurar um médico qualificado para tratar de dependentes químicos, para realizar a substituição química, isto é, a troca da droga viciante por uma droga farmacológica, permitindo a gradativa desintoxicação. Em paralelo à terapia médica, a pessoa viciada deve procurar ajuda de um psicólogo ou de um psicanalista, igualmente qualificados para esse tipo de assistência, para mudar o seu comportamento.

O Brasil vive talvez a pior crise econômica de sua história e ela ocorre simultaneamente à crise moral que assola os cidadãos, que se deram conta de que foram institucionalmente enganados e roubados, e que ainda terão que arcar com o ônus dessa lambança. Os desempregados “oficiais” (os que tinham carteira de trabalho assinada) já se contam aos milhões. A inflação alta está de volta e passa de 10% ao ano. A economia está encolhendo. A consequente desesperança certamente aumentará a “fuga da realidade”, rumo ao consumo de substâncias viciantes. As deprimentes “cracolândias” país afora são uma realidade cada vez mais presente.

Triste é eu ter que admitir que a taxa de sucesso de resgatar pessoas viciadas é frustrantemente baixa. Feliz mesmo é quem consegue resistir à tentação de consumir drogas viciantes pela primeira vez.